domingo, 28 de fevereiro de 2021

Mistura canina

 29 DE MARÇO DE 2007

Existem centenas de raças de cachorros no mundo e boa parte delas está nos lares brasileiros. São cães de caça, companhia, corrida, grandes, pequenos, peludos, magros, fortes. Mas nem a grande variedade de escolha evita que as pessoas resolvam cruzar duas raças diferentes na esperança de juntar a beleza e as características positivas de ambas. Quem não conhece alguém ou até mesmo nunca teve um filhote de poodle com bassê, ou pastor alemão com fila, ou pintcher com vira-lata?

Embora não seja uma prática dos canis, como acontece em alguns países (veja box), a mistura de raças no Brasil é bastante popular. Mas cruzar animais de estilos diferentes pode não ser tão inocente. ''Muitas vezes, os donos fazem misturas esperando juntar as boas características de cada cão, mas isso nem sempre acontece. Os filhotes podem não atender às expectativas fisicas nem temperamentais. Aí o dono não consegue vendê-los e não sabe o que fazer com a ninhada. Cruzar raças diferentes é uma loteria. Nunca se sabe qual será o resultado'', alerta a veterinária e professora da UEL, Maria Isabel Mello Martins.
Problemas na hora do parto também podem acontecer quando as raças cruzadas não são compatíveis. A veterinária lembra que é importante evitar que as fêmeas cruzem com machos muito maiores do que elas. ''Isso pode gerar filhotes grandes demais e dificultar o parto normal.
A característica do focinho também deve ser levada em conta antes de decidir juntar pai e mãe diferentes. De acordo com Maria Izabel, animais de focinho achatado não devem ser cruzados com animais de focinho longo. ''Isso também pode dar problemas no parto, porque fêmeas de focinho achatado têm a pelve igualmente achatada, assim como as fêmeas de focinho longo possuem a pelve alongada. Se o filhote desenvolve um formato muito distinto do focinho da mãe, ele terá dificuldades para nascer'', afirma.
Para aumentar as chances de sucesso, Maria Isabel aconselha os donos a procurarem cães com características semelhantes, do mesmo tamanho, formato do focinho e do corpo, tipo de pelagem. ''Além de evitar problemas no parto, isso ajuda a melhorar o aspecto dos filhotes. Embora o melhor a fazer ainda seja o cruzamentos entre animais da mesma raça, desde que não tenham relação de parentesco. A consanguinidade é prática comum entre criadores, o que amplia as chances de problemas de saúde devido à redução da diversidade genética e o aumento da manifestação de genes recessivos'', afirma.
A especialista lembra que cruzar raças de cães é algo que sempre aconteceu, uma vez que boa parte das linhagens consideradas puras hoje em dia vieram de cruzamentos antigos. ''A maioria dos cachorros existentes hoje é resultado de cruzamentos. Talvez o caso mais recente seja do pit bull, que veio de uma mistura selecionada de várias raças e existe como raça pura há cerca de 20 anos'', comenta.
Do ponto de vista genético, misturar pode ser benéfico para os animais na maioria das vezes. Como as doenças são características de cada raça e estão geralmente nos genes recessivos, é mais difícil que elas surjam em animais híbridos, formados por pais diferentes. ''Mas isso não é garantia em 100% dos casos. Pode acontecer de o filhote herdar doenças tanto da raça do pai quanto da mãe'', diz.


Mistura canina

Nenhum comentário:

Postar um comentário