Ataque de pit bull cresce 88% em MG

Postado em 25/10/2007 11:27:00


Os ataques de pit bulls aumentaram 88% nos últimos 15 dias em Minas. De janeiro até o dia 10, os bombeiros registravam 61 vítimas de lesões corporais e 1.037 chamadas para recolher cães de raças diversas soltos nas ruas, dos quais 726 eram pit bulls. Até essa quarta-feira, o balanço indicava 115 ataques e 2.014 chamadas, sendo 1.086 para o animal. Quatro pessoas já foram mortas desde janeiro. Somente na terça-feira, o Corpo de Bombeiros foi chamado para recolher 28 cães ameaçando pedestres e ontem, até o meio-dia, mais 12.

Segundo o comandante operacional da corporação, coronel Cláudio Teixeira, muitos donos estão abandonando seus pit bulls para escapar do rigor do Decreto Estadual 4.417, em vigor desde setembro, que trata das obrigações dos criadores de animais dessa raça e de outras consideradas ferozes, como manter os cães com focinheiras e coleiras em locais públicos. Os donos podem, ainda, ser multados em até R$ 5 mil se o animal causar lesão corporal grave em alguém, além de responder por sanções penais, inclusive por homicídio culposo ou doloso, se o atacado morrer na hora ou por causa dos ferimentos.

A 115ª vítima de pit bull em Minas é a menina Júlia de Faria, de 1 ano e dois meses, atacada terça-feira à noite no Bairro Petrolândia, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O animal de dois anos, de nome Zeus, pertence a uma vizinha da criança e escapou quando abriram o portão da casa. Ele não chegou a morder a menina, mas sua pata causou ferimentos profundos na cabeça e na orelha de Júlia, que levou 20 pontos.

A criança estava nos braços da prima Fernanda Faria Barros, de 14, com outras seis crianças brincando na rua. Segundo Fernanda, o animal cheirou todas elas e quando chegou a vez de Júlia, quis atacá-la. “Eu levantei minha prima para protegê-la. Achei que o cachorro fosse rasgar a minha cara com aquelas unhas enormes”, disse a estudante.

A mãe da vítima, a auxiliar de montagem Andréia Alves, de 31, denunciou que os vizinhos criavam o pit bull solto em casa. Um outro morador da rua, de 12 anos, teria sido atacado pelo mesmo cão. “Deus me deu de novo a minha filha única, por ela continuar viva”, agradeceu Andréia. Outros vizinhos também estão amedrontados. “A gente passa em frente à casa e o pit bull só falta pular de cima do muro, rosnando como uma fera. Dou volta por outra rua para não passar por perto”, reclama a dona-de-casa Maria do Carmo Silva Rodrigues, de 48.

A dona do animal agressor, Adriana Vieira Santos, de 34 anos, disse que cria Zeus desde filhote e que ele é dócil. “A minha irmã tem meninos, eu também tenho filhos, as pessoas entregam compras na minha casa e esse cachorro nunca fez nada com ninguém. Mas eu não quero mais esse cão. Mandei os bombeiros levá-lo e pedi para sacrificá-lo. A gente pega muito amor pelo bicho que cria, mas realmente o pit bull é traiçoeiro”, reconhece Adriana.
Cadastro e chip

O delegado Antônio Pires, da Seccional de Contagem, disse que houve omissão na guarda do pit bull e os donos podem responder a processo por lesão corporal culposa, cuja pena é de até um ano de detenção. O crime deverá ser julgado pelo Juizado Especial Criminal, que pode substituir a sentença por prestação de serviços à comunidade, pagamento de cestas básicas ou multa. O Corpo de Bombeiros informou que continua fazendo o pré-cadastramento dos pit bulls em Minas Gerais e a Prefeitura de Belo Horizonte já implantou microchip em 883 animais da raça para identificar o dono em caso de fuga, abandono ou ataque.

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