domingo, 13 de setembro de 2009

CACHORROS NA PRAIA

Terça-feira, 28 de Abril de 2009
CACHORROS NA PRAIA

Apesar da proibição, donos continuam levando cães à praia

Marcelo Migliaccio e Ricardo Schott, Jornal do Brasil


RIO - A polêmica presença de cachorros nas areias das praias do Rio, proibida pelo Decreto Municipal 20.225, de julho de 2001, voltou a acontecer no fim de semana, com dezenas de animais levados por seus donos em toda a orla. Na Praia do Diabo, no Arpoador, cantinho de Ipanema, onde os cães eram tolerados até maio de 2008, eles eram mais de dez brincando por volta das 10h30.

– Num dos próximos fins de semana, pensamos em fazer uma manifestação para mostrar que os cães não fazem mal a ninguém. A Praia do Diabo sempre foi a praia deles, e eles sempre se deram bem com os surfistas e com os jogadores de frescobol da área – diz a empresária Elisabeth Monteiro, que mora há 32 anos em Ipanema e leva sempre sua cadela, Princesa, para brincar na praia. – Os cães que vêm aqui não oferecem nenhum tipo de perigo. Todos são vacinados. Reivindicamos que esse espaço fique reservado para quem quer trazer os cachorros.

Mães de duas filhas, Fabiana Gonçalves se preocupa com as crianças – Lana, de 10 anos, e Luana de 6 – que leva periodicamente à praia.

– Nem todo mundo recolhe as fezes dos cachorros. A probabilidade de elas pegarem uma doença é grande – lamenta.

Apesar de ser amiga há anos de Paulo Maurity, morador de Copacabana que sempre leva seu cão à Praia do Diabo, a administradora Helena Silva discorda totalmente das atitudes do amigo.

– Eu sou obrigada a conviver, mas sou contra trazer cachorro para a praia. Imagina você vir à praia e pegar um bicho-de-pé por causa de fezes caninas? – questiona.

Já a presidente da IpaBebê, associação de pais de bebês de Ipanema, Viviane Braga, diz que é preferível que os cães tenham seu espaço delimitado.

– Antes na Praia do Diabo do que na orla toda. Lá pode ser um lugar adequado para eles, desde que seja usado com responsabilidade.

O marido de Elisabeth Monteiro, o agente de segurança Paulino Carneiro, afirma que a praia deveria ser até limpa para os cães.

– A prefeitura diz que os cachorros passam doenças. Mas todo mundo que vem aqui já traz saco plástico para recolher as fezes. O problema principal vem da própria sujeira que já está na praia.

Pouca repressão

Até maio do ano passado, cães vacinados e com coleira podiam brincar livremente na praia do Diabo. Mas há cerca de um ano o Tribunal de Justiça julgou inconstitucional a Lei Municipal 4.276/2006, do então vereador Claudio Cavalcante, que autorizava cães na praia, desde que com coleiras, conduzidos por maiores de 18 anos e com a carteira de vacinação em dia.

Hoje a Guarda Municipal está orientada a abordar as pessoas que levam cães para a praia e pedir que retirem os animais (leia texto na página ao lado). Mas a reportagem do Jornal do Brasil não viu qualquer ação de repressão da guarda nas manhãs e no começo das tardes deste fim de semana, no Arpoador. Em especial no domingo, os cães brincavam na praia livremente.

– Não vi guardas por aqui, realmente. Mas não é assim todo dia, porque geralmente muitos frequentadores não vêm, com medo de terem seus cães levados – diz um morador que não quis se identificar e que leva seu cão diariamente à Praia do Diabo.

Doenças

A veterinária e bióloga Maria Luisa de Noronha afirma que cachorros não devem frequentar as areias das praias mesmo vacinados e ingerindo vermífugo a cada três meses.

– Além do bicho geográfico, transmitido pelas fezes, há também os fungos e os protozoários, como a a giardia – argumenta. – As crianças menores sempre acabam colocando areia na boca e podem ter diarréia. A praia é um lugar em que as pessoas ficam muito vulneráveis, com a pele exposta. O bicho geográfico sai nas fezes e penetra no corpo humano, provocando muita coceira.

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