quinta-feira, 18 de março de 2010

SP tem um ataque de Pit bull a cada três dias

SÃO PAULO - A cada três dias, uma pessoa é atacada por um cão da raça pit bull na cidade São Paulo. Apenas de janeiro a junho, 58 cães desta raça foram recolhidos por conta de agressões, segundo dados do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Ao todo, incluindo outros motivos, 467 pit bulls foram tirados das ruas neste período.

Um dos últimos pit bulls a chegar ao Centro de Controle foi responsável por morder o garoto Diogo Godoi, de 10 anos, e arrastá-lo por cerca de 10 metros na Vila Itaim, zona leste, na última sexta-feira. No mesmo dia, à noite, uma menina de 8 anos foi atacada por um pit bull no bairro do Belém, em Taubaté, a 130 quilômetros da capital. O cão havia escapado de casa. Foram quatro mordidas no braço direito da criança, que levou 30 pontos. Pessoas que estavam num bar em frente ao local do ataque ajudaram a socorrer a menina, batendo no animal. O dono do cão disse que o animal nunca havia sido violento.

A veterinária Adriana Lopes Vieira, diretora do CCZ, afirma que a maior parte dos pit bulls que chegam ao departamento foram abandonados por seus donos.

- Muita gente compra um pit bull porque está na moda. É um impulso. Elas não se preocupam com o perfil do animal. Quando não querem mais, abandonam o bicho - conta.

No fim de semana passado, a pequena Tainá Figueiredo dos Santos, de 4 anos, foi morta por dois pit bulls de uma vizinha, em Ubatuba, no litoral paulista. Os cachorros foram sacrificados após cinco dias.

Segundo o advogado criminalista Marco Aurélio Vicente Vieira, o dono do animal agressor pode ser indiciado por lesão corporal ou homicídio culposo porque, embora não tenha intenção de matar, é imprudente por não cuidar do bicho como devia. As vítimas também podem pedir indenização. O artigo 936 do Código Civil Brasileiro prevê que "o dono ou detentor do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima".

Uma lei estadual, de 2004, determina que em lugares públicos, animais de raças agressivas usem focinheira, coleira, guia curta e enforcador.
Raça surgiu em rinhas inglesas

A origem da raça pit bull está ligada a um jogo sangrento estimulado pelos nobres ingleses que viveram no século 19. Cães da raça bull dog eram treinados para lutar contra touros. A briga terminava quando o cachorro puxava o touro até o chão, mordendo seu nariz ou sua orelha. O parlamento inglês proibiu essa prática, chamada de "bull baiting", em 1835.

Os ingleses criaram, então, as rinhas, brigas entre cães, que envolviam altas apostas. Como o bull dog era muito pesado para esta luta, sua raça foi cruzada com o terrier, cão de caça, originando uma raça que evoluiria até se transformar no que conhecemos como pit bull.

Esta variação foi levada para os Estados Unidos, onde recebeu a incubência de proteger fazendas e outras propriedades. Pit bull não é uma raça reconhecida pela Federação Internacional de Cinofilia, que representa os criadores de cachorros.
Violência pode ser controlada

Para o adestrador Sérgio Mendes, especialista em comportamento animal, a agressividade dos cães está diretamente ligada à educação que os animais recebem, principalmente no período entre três e nove meses de idade, quando aprendem mais fácil.

- O dono do cachorro é o responsável por todos os acidentes que envolvem o animal. É quase impossível conciliar um cão de guarda com um cachorro de companhia - diz Mendes.

Ele lembra que o cão encara as pessoas com quem vive como membros de uma matilha.

- Por isso é importante mostrar, quando o cachorro chega, o que ele pode e não fazer. Ele tem que perceber que as pessoas da família exercem algum domínio sobre ele - ensina.

Na maioria das vezes, a vítima é uma criança da casa. Foi o que aconteceu com o garoto T.L.F., de um ano e meio, atacado por um pit bull chamado Sadan, enquanto brincava na sala da sua casa em Paulínia, a 120 quilômetros da capital, na noite do último dia 2. O cachorro, com a família havia dois anos, grudou no rosto da criança. T. sofreu uma perfuração profunda no lábio superior e perdeu parte da pele do rosto.
http://oglobo.globo.com/sp/mat/2007/08/19/297330498.asp

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