quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Cão ataca e fere criança


Dagmara Spautz e Patrícia Auth - Jornal de Santa Catarina

Durante sete anos, Oliver cumpriu bem o papel de cão de companhia. Criado desde filhote pelos donos, o pitbull não havia demonstrado agressividade contra a família até a manhã desta quarta-feira, quando atacou o filho do dono, um menino de três anos. O cão, até então dócil e companheiro, mostrou-se uma fera capaz de causar ferimentos graves no lado direito do rosto da criança, que foi levada para o Hospital Universitário Pequeno Anjo.

Os vizinhos, que acompanharam a luta da avó do menino, na tentativa de salvá-lo, descreveram uma cena de dor e desespero. Ao perceber que o neto estava em perigo, ela o segurou nos braços e também foi mordida pelo pitbull, que só desistiu do ataque após ser agredido por moradores da rua.

– Foi terrível ver a agressividade do cachorro com os próprios donos. Penso que se não tivéssemos conseguido intervir, ele teria matado a criança – disse Paulo César da Silva, que trabalhava na oficina mecânica em frente a casa onde ocorreu o ataque. 

Naquele momento, o sargento Sérgio José Bagattoli, do Corpo de Bombeiros de Itajaí, estava na oficina com uma viatura. Ao ouvir os gritos, correu para socorrer a criança, e fez o transporte para o hospital, antes mesmo da chegada da ambulância. 
Em 25 anos de trabalho como bombeiro, Bagattoli diz que jamais havia presenciado um ataque tão grave
– A situação foi grave, mas poderia ter sido ainda pior. Serve de alerta para toda família que mantém cães mais agressivos perto de crianças – disse o bombeiro. 
Tio do menino, Marcelo Gonçalves Pontes, 27 anos, conta que o sobrinho e o pitbull eram companheiros de brincadeiras. Nos últimos tempos, os pais da criança se separaram e ele passou a viver em Paranaguá, com a mãe. Mas vem constantemente à Itajaí para visitar o pai e a avó.
Segundo ele, o cão nunca havia sido agressivo com os familiares. Há dois meses, porém, surpreendeu um ladrão dentro da residência e o atacou. Desde então, passou a ficar agitado sempre que pessoas estranhas entravam na casa. 
Ontem, no momento do ataque, a avó da criança, dona da casa, recebia um entregador. O cão começou a latir, e o menino chegou perto para ver o que estava ocorrendo. 
– Não sabemos o que aconteceu, por que ele mudou a maneira de se comportar – diz Pontes.


Cão foi recolhido ao canil municipal 

O pitbull foi recolhido ao canil municipal de Itajaí, onde ficará em observação por 10 dias. De acordo com o médico veterinário Denilson Vargas da Silva, responsável pelo canil, a intenção é descobrir se há possibilidade de ele ter transmitido alguma doença à criança, como raiva, e perceber se o animal tem problemas comportamentais. 
Se houver possibilidade de reabilitação, ele será devolvido à família ou colocado para adoção. Caso contrário, poderá ser sacrificado. 
Na tarde de ontem, o menino passou por uma cirurgia no Hospital Pequeno Anjo e foi levado à UTI. Apesar da gravidade dos ferimentos, ele não corre risco de morte.

Animais de maior porte exigem estrutura e treinamento especiais
Adestrador há 22 anos, Gustavo Fleury faz um alerta aos que pretendem adquirir ou já possuem um cão de raças maiores e mais fortes, como pitbull, rottweiler e fila. Segundo o profissional, estrutura e treinamento são indispensáveis para ter em casa um animal tranquilo.

– Não é pelo tamanho que se mede a agressividade de um cão, mas sim pelo modo como é criado e educado. Se o animal não sai para passear, se vive em espaço pequeno demais e o dono não possui postura sobre ele, o cão acaba se frustrando, o que pode gerar um ataque – fala o profissional.
Fleury explica que o cão é descendente do lobo, vive em hierarquia e escalas de valores. Por isso, o animal não vê o seu dono como ser humano, mas sim como outro cachorro.
– Pela questão hierárquica, o cão, na maioria das vezes, respeita os donos – por serem maiores do que ele – e enxerga a criança como rival. Isso também explica os frequentes ataques. Uma criança pode ter contato com cães maiores, desde que isso seja acompanhado pelos pais.
O adestrador conclui dizendo que até mesmo o modo de alimentação influencia na personalidade do cachorro. O ideal, segundo o especialista, é estipular horários para o animal comer. Se ele possui alimento a vontade, se torna dominante e pode repreender quem chega perto de seu ambiente.

Fonte:
 






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