Um menino de 5 anos foi atacado ontem por um cachorro no Parque da Liberdade, em Americana. Ele levou diversas mordidas no rosto e foi socorrido em estado grave para o Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, e posteriormente removido para o Hospital da Unicamp, em Campinas. O cão, de raça ainda não comprovada, acabou morto por populares.
O caso aconteceu por volta do meio-dia na Avenida Serra do Mar, próximo a uma escola. De acordo com uma vizinha, que pediu para não se identificar, o cachorro foi solto no bairro por um homem desconhecido da vizinhança, que estava em um carro.
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“Ele (cachorro) foi abandonado aqui por um homem de carro e estava bastante bravo. Aí, ele viu o menino passar e atacou ele bem no rosto”, contou a testemunha.
Segundo ela, aproximadamente 10 pessoas se envolveram no resgate da criança e o cachorro acabou morto. “O rosto do menino estava preso na boca do cachorro, por isso eles mataram o cachorro para salvar o menino, que perdeu bastante sangue. Foi levado entre a vida e a morte para o hospital”, contou a vizinha.
O menino recebeu os primeiros atendimentos ainda no Hospital Municipal “Dr. Waldemar Tebaldi”, em Americana. Por volta das 20h de ontem, ele foi transferido para o HC (Hospital das Clínicas) da Unicamp. A reportagem não conseguiu contato com a família para comentar o caso.
Caso grave
A Secretaria de Saúde de Americana confirmou, via nota, que “o paciente deu entrada no Hospital Municipal por volta de 14 horas”. “Ele foi atingido no rosto e o caso é considerado grave, mas o quadro clínico está estável”, informou a Secretaria.
Fotos do animal já morto foram publicadas nas redes sociais, gerando polêmica. Algumas pessoas questionaram se havia necessidade de matar o cachorro, enquanto outras defendiam que o ato foi necessário para salvar o menino. O corpo do animal foi recolhido por volta das 21h30.
Estresse e abandono
Veterinários consultados pelo TodoDia afirmaram, pelas fotos do cachorro, que o animal tem traços fortes da raça boxer, mas as cores indicariam um cruzamento de raças.
Esses cruzamentos, segundo os profissionais, podem alterar os traços de personalidade do animal, tornando-o mais agressivo.
Os veterinários destacaram, porém, que o que determina a ação de cães é a forma como são criados, e que um ataque pode ter sido motivado por traumas, estresse ou abandono.
Animal abandonado pode atacar, diz veterinária
Para a médica veterinária e coordenadora do curso de Medicina Veterinária da FAM (Faculdade de Americana), Josemara Neves Cavalcanti, ouvida ontem pela reportagem sobre o ataque ao menino no Parque da Liberdade, as chances de animais em situação de abandono atacar pessoas são maiores do que a de animais domésticos. “Geralmente, os animais de rua estão assustados e podem acabar atacando por instinto de defesa”, diz.
Sobre os cuidados necessários com crianças junto a cães, a veterinária orienta pais e responsáveis e ficarem sempre alerta, especialmente nos casos de crianças pequenas próximas a cães de grande porte. “Quanto menor a criança, maiores os cuidados. Às vezes, numa brincadeira, um animal de grande porte pode machucar uma criança pequena”.
Uma das recomendações para cães, especialmente de grande porte, soltos nas ruas, segundo a veterinária, é acionar o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses).
Em casos de ferimentos de menor gravidade, como mordidas superficiais, Jocemara recomenda que o local ferido seja lavado imediatamente com água e sabão neutro, e que a vítima procure o serviço de saúde mais próximo.
Ela explica, ainda, que os cães devem ser observados após algum ataque. “Animais que têm donos precisam ser observados por pelo menos dez dias. Em casos de animais de rua, a indicação é acionar o CCZ, que recolhe o animal e o deixa em observação, uma vez que os sintomas da raiva demoram até dez dias para se manifestar”, finalizou.
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