sexta-feira, 11 de março de 2011

.9/2/2011 09:35:00 - Atualizada em
Ataque de cão
Cachorro morde criança em Erechim
Daniele Canfil
(Redação Erechim / DM)


O que era para ser uma brincadeira sadia da criançada, esconde-esconde em uma rua pouco movimentada no bairro Morada do Sol, se tornou um grande susto para os pais Miriam e Ademir Maffini. Era final de tarde de quarta-feira, 2 de fevereiro, quando Ademir ouviu gritos mais altos das crianças, quando olhou, o cachorro do vizinho, da raça Chow Chow, estava em cima do seu filho mais velho, Matheus de 11 anos, que já tinha ferimentos nas pernas.

O cachorro de dois anos e três meses passava o dia inteiro em um terraço e no final do dia, quando seu dono chegava em casa e o soltava, costumava andar pelas ruas. Segundo o dono, o cachorro é manso e as pessoas que passavam normalmente mexiam e acariciavam o animal.

A brincadeira acontecia na frente da casa dos Maffini. Junto com Matheus, os dois filhos do dono do cachorro e mais um menino. “Eu falei para os meninos que eu estava com medo do cachorro, mas eles me disseram que ele era manso e que não ia fazer nada”, comentou Matheus. Na primeira aproximação do animal, o estudante tocou o cão, que se afastou por alguns instantes. Na segunda aproximação, Matheus correu, foi quando aconteceu o ataque.

“Quando cheguei o cachorro estava em cima do Matheus, todo mundo começou a gritar e eu afastei o animal que voltou para me atacar. Na hora eu tinha uma trena na mão e joguei na direção dele, mas não sei se acertou”, conta Maffini. O estudante foi mordido na perna esquerda, onde o ferimento foi mais profundo, com um corte em formato de ‘U’. Na perna direita foram várias mordidas, mas mais superficiais, suturadas com dois a quatro pontos cada.



(Na perna direita os machucados são observados em toda a perna, mas a mais atingida foi a perna esquerda / FOTO DANIELE CANFIL)


A mãe desconfia que o cachorro possa ter achado que o Matheus fosse atacar os filhos do dono do animal, por isso partiu para cima do menino. “Tem dessas de o cachorro achar que a pessoa vai atacar o dono e querer defender, quem sabe ele quis proteger as crianças, porque eles estavam brincando, correndo e de repente o cachorro foi lá atacar”, falou Miriam.

O policial militar e adestrador de cães Paulo Cesar Fávero, que atua na área há 15 anos, explica que de cada 10 cães da raça Chow Chow, oito um dia irão atacar. “Até o próprio dono eles atacam”, dispara o adestrador. Fávero comenta que o Chow Chow é uma raça difícil de ser adestrada, que não aceita determinados comandos e, partir de um ano e meio, dois anos de idade, se não gostarem de alguma atitude ou até da brincadeira do dono, eles podem morder. “Eu não adestro mais Chow Chow. Eles não aceitam os comandos e a grande maioria é traiçoeiro”, afirma.

Agora os cuidados com o Matheus são: lavar bem os machucados com sabão e a perna que foi mais atacada será avaliada por um cirurgião plástico, na próxima quinta-feira, 10, para ver se haverá necessidade de fazer enxerto no local. Já o cachorro ficará em observação até na sexta-feira, dia 11, quando completa 10 dias do ataque. Todas as reações deverão ser observadas como parar de comer, de beber água, se começar avançar nas pessoas, tentar fugir, só querer ficar no escuro e babar. Esses são sintomas de raiva, doença que pode ser transmitida pela saliva dos animais infectados.

“Estou indo ver o cachorro todos os dias, só hoje [segunda-feira] fui quatro vezes. O médico [infectologista da Secretaria Municipal de Saúde, Vanderlei Madalozzo] disse que temos que cuidar do cachorro melhor que uma criança. As pessoas não podem ficar cutucando, não pode ficar bravo, tem que dar carinho para o cachorro”, explicou o pai que reclamou do atendimento do setor de Vigilância em Saúde, ligado a Secretaria Municipal de Saúde. “Na VISA somente a enfermeira Carla conversou com nós. Eles não vieram ver o cachorro, nem ao menos se interessaram em ver as condições do animal e que dessem jeito de acompanhar, porque nós somos leigos, não sabemos ao certo, eles sabem melhor detectar as reações”, apontou Maffini.


(Chow Chow: beleza da raça esconde tendência de agressividade / FOTO DIVULGAÇÃO)


Saiba mais sobre cães
O adestrador de cães Paulo Cesar Fávero explica que a agressividade dos cachorros segue dois caminhos: um que é a genética onde, independente da criação e adestramento, um dia ele poderá atacar, podendo ser até mesmo o seu dono; e a forma de criação como, por exemplo, o Pastor Alemão que tanto o criador pode adestrar para ser um cachorro para fazer segurança, quanto para ser um cachorro dócil para conviver com crianças.

O adestrador aconselha que, sempre quando as pessoas forem comprar um cachorro, se perguntem a finalidade do animal e analisem o grupo familiar que irá conviver com o cão. É sempre bom pesquisar as raças. Hoje a internet auxilia bastante neste processo, e tentar conhecer as características de cada raça. “Também é importante conhecer os pais, primeiro para não ter surpresas com tamanho e de como o animal vai ficar quando adulto, e segundo para saber se os pais são agressivos porque, se os pais são bravos, há uma tendência forte a agressividade”, finaliza Fávero.
  http://www.diariodamanha.com/noticias.asp?a=view&id=6239

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