sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CÃES CRIADOS PARA MATAR

Inserida em 25/06/2007 às 12:20
Fatos recentes envolvendo ataques de cães a pessoas, alguns fatais, trouxeram à tona uma antiga discussão. Existem raças de cães assassinos, sem controle e que deveriam ser banidas? É preciso impor limites aos cães? A discussão é muito mais complexa do que a simples análise do comportamento canino. O que todos os especialistas concordam é que o cão, independente de sua raça, tem seu comportamento influenciado por fatores como carinho, treinamento e atenção.

Há aproximadamente 10 mil anos, o cão disputava alimento com o homem. Mas não demorou e o homem, com sua inteligência, descobriu que poderia utilizar a habilidade do cão para caçar para ele. Para domesticá-lo, ofereceu comida, água e carinho. Com o passar do tempo, a habilidade dos cães foi desenvolvida não só para caçar, mas também para guarda, companhia e práticas de esportes, entre outras coisas.



Hoje, o homem continua utilizando-se dos cães para uma série de ações. Entre os exemplos estão o convívio com crianças, para estimulá-las no desenvolvimento psicossocial e nas responsabilidades, a partir do momento em que a criança, ao brincar com o cão, aprende que é preciso alimentá-lo, cuidar da saúde e da higiene do animal. A exemplo do que ocorre em outros países com maior número de população idosa, no Brasil é cada vez maior a utilização dos cães como companhia.

Comportamento:

Além das dimensões, pelagem e cor, os cães são diferenciados por seu comportamento e capacidade. Cães de guarda das raças rottweiler, fila e pitbull, muito populares no Brasil, em alguns casos são criados para serem agressivos. O veterinário Wanderson Alves Ferreira, presidente da Associação de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa), destaca que alguns animais são criados para brigar. Ele cita jovens que se exibem com pitbull ou cão equivalente, com aspecto forte, ameaçador e de aparência física “sarada”.

Mas muitas vezes essas características acabam tendo uso positivo. Cães treinados são transformados em guardas ou farejadores especializados em identificação de entorpecentes e de pessoas suspeitas de uso e tráfico de drogas. “O cão é treinado apenas para perseguir e reter”, afirma o coordenador do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Goiás, Raul Pedro dos Santos. Adestrador com 25 anos de experiência, Raul afirma que cães também podem ser treinados para matar, independente da raça.

Nesse caso, o pitbull paga o preço pela sua cara feia, força e aspecto ameaçador. “Ele é muito agressivo em relação a outros animais e gosta muito de brigar. Tem a mandíbula muito forte”, explica Wanderson Ferreira. Ele afirma que o animal não é naturalmente agressivo em relação ao homem.
O veterinário ressalta que o pitbull só se torna agressivo se criado de forma errada pelo dono. “Nesse caso, o erro é do proprietário e não do cachorro”, argumentou. Em caso de uma pessoa ser atacada por um animal, Wanderson Alves alerta que ela não deve correr, pois será pior. A única saída é tentar mostrar autoridade. “Não existe uma regra salvadora, o melhor é a pessoa não ficar exposta ao animal. Mas se não houver saída, o melhor será ralhar duro com o cão e tentar fazer com que ele abaixe o rabo e vá embora”, ressaltou Wanderson Alves.

Segundo o sargento Raul Santos, o caráter do cão tem de ser analisado, pois o desvio de conduta pode ocorrer em qualquer raça, afirma o adestrador da PM, especializado no treinamento das raças doberman, rottweiler, pastor alemão e labrador. Ele garante que mesmo um pitbull pode ser um cão para companhia de criança.

O veterinário Luiz Elias Camargo, do Centro de Controle de Zooneses, também alerta que qualquer cão pode matar. “Algumas raças têm características mais acentuadas de defesa do seu território. Nesse caso, o intinto será defendê-lo”, alerta. Ressalta que o cão, se criado em um ambiente em que é escurraçado, terá um comportamento mais agressivo.

Tragédia:

A morte do garoto Carlos Alberto Vieira dos Santos, de 9 anos, em 6 de junho, em decorrência de ataque de um cão rottweiller e de uma cadela fila mestiça, pode ter ocorrido porque os animais estavam com carência nutricional crônica. “As notícias veiculadas na imprensa destacaram que os dois cães eram animais de guarda que estavam sem comida, sem água e sem convivência com outros animais ou seres humanos”, assinalou Wanderson. A Polícia Civil aguarda o resultado do laudo dos restos encontrados no estômago do rottweiler para identificar se o cão devorou ou não o menino.
 
Autor: Dairano Cordeiro e Amanda Dorian
Fonte: O Popular / Edição de 25/06/2007 http://www.anclivepabrasil.com.br/portal_v2/noticias_ver.php?idn=118  

Nenhum comentário:

Postar um comentário