Quarta-feira, 03/02/2010 por Radamés Manosso
Muitas pessoas reagem de forma brusca quando se deparam com animais potencialmente perigosos ao ser humano como aranhas, escorpiões e cobras. Com freqüência, o humano liquida a criatura perigosa sem pestanejar e essa fúria exterminadora se estende também a animais que não oferecem risco como sapos, morcegos e lagartixas. Esse comportamento instintivo e tosco de auto defesa não é registrado, porém, diante de cães pit bull. Que eu saiba, ninguém abate pit bulls a pauladas ou tiros quando cruza com um na rua embora esses cães tenham um triste histórico de agressividade contra o ser humano.
A relação dos humanos com os cães pit bull mostra a ambigüidade do nosso comportamento. Cuidamos bem dos animais domésticos e exterminamos os perigosos, certo? Pit bulls podem ser considerados animais domésticos? O que é um animal doméstico? Um animal que convive bem com humanos sem apresentar riscos para nós, dirão. Um cão de pequeno porte e de temperamento dócil se enquadra nessa definição. Um tigre asiático decididamente não é um animal doméstico. O pitbull parece estar no meio da escala. Se for submetido a treinamento e criado em condições favoráveis, esse cão pode ficar parecido com seus primos dóceis que fazem a alegria das crianças. Mas quem consegue criar um cão em condições favoráveis submetendo-o a rigoroso treinamento? Depois desta pergunta vamos a outra mais complexa: os admiradores da raça pitbull estão à procura de docilidade? Ouso dizer, que as características mais apreciadas dos pit bulls são justamente seu potencial agressivo, sua resistência a dor e sua tenacidade. Muitos criadores propositalmente submetem esses animais a um condicionamento perverso que potencializa a agressividade. A história do desenvolvimento da raça nos mostra que esses animais eram criados para participar de rinhas na velha Inglaterra. Assim como no século XIX, os cães pit bulls de hoje são criados para ser o que o dono quer. E, com raras exceções, ele quer cães violentos para que o animal seja uma projeção do ego do seu dono.
Não é de hoje que o homem faz melhoramento de espécies. Entenda-se melhoramento como o trabalho de tornar uma espécie mais útil ao interesse humano. O melhoramento genético produz frangos que crescem mais rápido e porcos com menos gordura. Também produz cães mais violentos. Neste caso, seria mais correto falar de pioramento genético. O pioramento feito com os pit bulls os afastou do perfil esperado para um animal doméstico. Some a essa carga genética uma criação confinada e estressante e teremos um animal selvagem dentro de casa.
Qual é a solução para os pit bulls? Castrá-los para que percam a agressividade? Os donos não querem um cão dócil. Proibir a procriação da espécie até levá-los à extinção? Os donos vão desenvolver outras raças agressivas, talvez lançando mão da engenharia genética. O problema não é o pit bull, pobre criatura que apenas segue seus instintos. O problema é o dono.
Fonte:
http://radamesm.wordpress.com/2010/02/03/o-pioramento-genetico-do-pit-bull/
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